segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Entrevista com Mauro Prais

Mauro Prais, este cara simplesmente testemunhou a história do futebol brasileiro e mundial, neste momento temos o prazer de abrir as portas para uma testemunha da história.

Senhoras e senhores vocês que cobraram o momento tão aguardado chegou, entrevista com Mauro Prais.



Roberto Dinamite e Campeões do Estado da Guanabara.
Reinaldo da Silva
Mauro gostaria de saber se com o reconhecimento dos títulos nacionais 1959-1970 se o Roberto Dinamite passa aos 200 gols no campeonato brasileiro.
Mauro Prais
Olá Reinaldo, Roberto Dinamite só estreou no time titular do Vasco em 1971, aos 17 anos.
Reinaldo da Silva – Mauro, por favor esclareça uma coisa: O Vasco foi campeão do campeonato quando o Rio não havia se fundido com a Guanabara? E se o Vasco foi campeão do Estado da Guanabara?
Mauro Prais - O Estado da Guanabara existiu de 1960 (quando o Distrito Federal foi para Brasília) a 1975, ano em que ocorreu a fusão da Guanabara com o Estado do Rio. Claro que o Vasco foi campeão carioca várias vezes antes, durante e depois da existência da Guanabara. Não entendi o motivo da pergunta. Lembre-se que, alem do Vasco, mais cinco clubes foram campeões do estado da Guanabara.
Reinaldo da Silva - Fiz a pergunta pois tem uma matéria legal no site campeoesdofutebol.com.br , sobre clubes que foram campeões estaduais em mais de um estado.
Mauro Prais - Fui ao site que você indicou, mas infelizmente eu não encontrei a matéria sobre os clubes que foram campeões estaduais em mais de um estado. Você poderia me enviar o link para a matéria, por favor?
Reinaldo da Silva - o link abaixo.
http://www.campeoesdofutebol.com.br/especial47.html
Mauro Prais - Obrigado pelo link sobre os campeões por estados diferentes. Bem interessante e aula de geografia política brasileira.

Sobre o reconhecimento de título de 1º Campeão Sulamericano 1948 do Vasco, e unificação dos títulos brasileiros 1959-1970
Reinaldo da Silva – Mauro, fica um pouco sem graça o título de 1948, sem estar o nome do Vasco 1948 na lista dos campeões da Libertadores, eu creio que da mesma forma que a CBF colocou em seu site os campeões de 1959-1970, a Conmebol deveria fazer o mesmo com o machão da colina, uma vez que o Vasco disputou a SUPER COPA DOS CAMPEOES DA LIBERTADORES 1997.
Mauro Prais - Eu discordo de você que o titulo de 1948 fica sem graça se não for unificado com a Copa Libertadores. O titulo tem importância impar pelo fato de ter sido o primeiro campeonato sul-americano de clubes, e nada que tenha sido inventado posteriormente diminui essa importância, ok?
Acho suficiente que a Conmebol tenha reconhecido oficialmente o Sul-Americano de clubes de 1948 e o Vasco como o primeiro campeão sul americano de clubes, um mérito que nenhum outro clube sul-americano tem.
Eu achei a unificação dos títulos nacionais uma grande merd... que a CBF fez. Vivi aquela época, conheço os fatos e me lembro de como foi o processo que levou a organização do Campeonato Nacional (como era chamado na época em que foi criado em 1971). A unificação de títulos e' uma falsificação histórica tosca. Sou totalmente contra. Está certíssimo a CBF colocar os campeões pré-1971 no seu site como campeões de campeonatos de âmbito nacional, mas erradíssimo misturar a Taça Brasil, Robertão e Taça de Prata com o Campeonato Brasileiro atual.
Por uma questão de coerência, eu também seria contra a Conmebol unificar o titulo Sul-Americano de clubes de 1948 com os títulos da Libertadores, e também contra a FIFA unificar os títulos da Copa Inter-continental com o Mundial de Clubes da FIFA.
Reinaldo da Silva - Mauro, grande prazer tenho em conversar com alguém que viveu na época e sabe melhor que os outros que não souberam na pratica.
Mas, Mauro. se o nome do Vasco estivesse na galeria dos campeões. daria um peso maior na conquista de 1948.
(pergunta) Mauro poderia me explicar por quais razoes não concordas com a unificação do titulo do Vasco ao da libertadores. Então foi um erro a Conmebol aceitar o Vasco na supercopa dos campeões da libertadores em 1997?
Mauro Prais - A explicação e' simples: respeito aos fatos. Libertadores começou em 1960. Seria um absurdo começar uma competição criando um efeito retroativo que considerasse competições passadas como parte dela.
Foi correto a Conmebol aceitar o Vasco na Supercopa da Libertadores, apesar do nome da competição mencionar a Libertadores. O Vasco foi o legitimo primeiro campeão sulamericano, reconhecido pela Conmebol, e portanto a inclusão do Vasco como ex- campeão sulamericano em meio aos outros ex- campeões foi totalmente justa.
Reinado da Silva - Mauro os títulos da Taça Brasil poderiam ser postos juntos aos da Copa do Brasil atual?
Mauro Prais - A Taça Brasil tinha formato muito semelhante ao da Copa do Brasil. Eu acho que a Copa do Brasil, quando foi criada, poderia ter sido batizada de Taça Brasil e representar uma retomada daquela competição. No entanto não foi assim que a CBF quis. Então que permaneçam consideradas como duas competições separadas na história. Não vejo problema quanto a isso, e não vejo sentido nessa ânsia de botar tudo que é campeonato no mesmo saco.
Reinaldo da Silva - E quanto ao Robertão e Taça de Prata parte da imprensa diz que eles, sim, tiveram uma cara de campeonato nacional. Também é um grande erro da CBF?
Mauro Prais - O Robertão/Taça de Prata foi de fato o embrião do campeonato brasileiro e tinha praticamente a mesma formula dos primeiros campeonatos nacionais da década de 70. Mas isso não quer dizer que seja o mesmo campeonato que o Campeonato Nacional que foi criado em 1971.
Copa Rio 1951-1953
Reinaldo da Silva - Muito obrigado Mauro, seu conhecimento da historia é fantástico!
Quando o Vasco ganhou a Rivadávia Correia Meyer 1953, houve grande repercussão nacional, A Copa Rio 1951 que o Palmeiras ganhou tinha a finalidade de mundial de Clubes e o Palmeiras ao ganhar os jornais noticiaram `` Campeão do Mundo ‘’. Porque estes torneios não podem ser incluídos na galeria dos mundiais?
Mauro Prais - Você pergunta por que torneios da década de 1950 como a Copa Rio e o Rivadávia Correia Meyer não podem ser incluídos na galeria dos mundiais. Ha' varias razões:
1) Quem decide isso, oficialmente? A FIFA? Pois a FIFA não organizou aqueles torneios, e mesmo tendo na época apoiado moralmente a realização da I Copa Rio e enviado um representante ao Rio para acompanhar a disputa, ja' deu sua palavra final, se recusando a reconhecer o titulo do Palmeiras.
2) Os participantes eram convidados arbitrariamente, e não por classificação. A Juventus, por exemplo, que disputou a final da I Copa Rio contra o Palmeiras, tinha sido campeã italiana em 1950, mas em 1951 o campeão italiano foi o Milan (a Copa Rio foi disputada no meio do ano, depois do término da temporada européia). E onde estavam os campeões argentino, inglês, espanhol, etc., que não tiveram nem a chance de disputar uma vaga no torneio?
3) Esses torneios estavam muito na moda naquela época, e em cada pré-temporada eram disputados dezenas deles em vários países. A Copa Rio não foi melhor nem pior que nenhum outro. É impossível julgar qual foi o mais importante. Já' pensou quantos campeões mundiais por ano teríamos, se fôssemos considerar cada um dos campeões desses torneios como campeões mundiais?
Ha' que se respeitar a História. Torneios amistosos foram isso, amistosos. Não estou dizendo que não tiveram importância ou que foram inexpressivos. Ao contrario, não ha' como negar a importância das Copas Rios, dos Torneios de Paris, das Pequenas Copas do Mundo da Venezuela, e muitos outros. Mas sou contra o revisionismo de chamar qualquer um deles de Mundial. Isso só causa confusões.
Reinaldo da Silva - Grande resposta, Mauro, talvez seja por isso que o Vasco não tenha entrado junto a FIFA com representação pedindo homologação do titulo de 1953, eu li em um site que o torneio de 53 foi segundo eles afirmaram fuleira.
Mauro você viveu naquela época? foi mesmo um torneio fuleira?
Mauro Prais - Eu não sou tão antigo assim, sou de 1957... Mas li em jornais da época que o Octogonal Rivadávia Correa Meyer foi uma decepção em termos de público e um fracasso de organização, pois algumas das equipes originalmente convidadas recusaram o convite. Assim o torneio acabou contando com apenas três equipes estrangeiras e cinco brasileiras – o Fluminense e o Botafogo foram chamados para preencher a vaga de dois estrangeiros que não vieram. Os estrangeiros que participaram foram o Hibernian da Escócia, Sporting de Portugal e Olímpia do Paraguai. Você ha' de convir que nenhum deles e' significativo em termos internacionais, nem hoje nem muito menos na época. Sem argentinos ou uruguaios, italianos, ingleses, espanhóis e por ai' a fora... E', da' pra dizer que foi fuleiro. Por isso o resto do mundo ri se alguém disser que foi um Mundial. Isso também explica o pouco interesse dos torcedores.
Reinaldo da Silva - Mauro ao que parece nem mesmo a diretoria do Vasco se preocupou em mandar um dossiê à FIFA como o fez o Palmeiras e o Fluminense, tamanho foi o fracasso desta competição. Porque nossa torcida tanto reinvidica esta competição como mundial?
Mauro Prais - Não é a nossa torcida, são apenas alguns elementos mal informados.

Foto do Vasco na Copa Toyota 1998, mundialito beach soccer
Reinaldo da Silva - Grande Mauro, gostaria de te perguntar como conseguiste a foto do Vasco vice da Copa Toyota 1998? Pois é uma relíquia, tentei varias vezes na net e não havia conseguido, inclusive o Jorge - do sovascodagama.blogspot.com , cara esta foto é demais! enviei para aquele site do meu grande amigo Sidney Barbosa, www.campeoesdofutebol.com.br . Querendo Deus estarei nestes dias fazendo uma matéria no meu blog e certeza estarei postando esta foto. Certamente, Mauro, contribuíste para a conservação de um momento muito importante da história de nosso Vascão da Gama.
Mauro Prais - A imagem da Copa Toyota 1998 me foi enviada por um amigo. Não sei onde ele encontrou, mas ele e' um colecionador que tem tempo de ficar scaneando as fotos da coleção e ainda por cima esta' sempre procurando imagens na internet. Ele as vezes encontra cada raridade que eu fico ate' bobo. Eu já sugeri a ele que fizesse um blog para postar essas imagens mas ele prefere não compartilhar.

Reinaldo da Silva - Mauro por falar em mundiais ao que parece a FIFA não colocou no site dela, a conquista do Vasco da Gama do 1º mundialito de clubes de beach soccer, se ela o fez me manda o link.
Mauro Prais - Não sei se beach soccer é um esporte sob jurisdição da FIFA. Não sou muito ligado em beach soccer, mas imagino que deva haver uma federação internacional, com site e tudo... Talvez se você procurar no Google deverá achar.
Me desculpe, mas você poderia me mandar o url do teu blog novamente? Não consigo encontrar, não sei se você tinha me dado ele antes...
Reinaldo da Silva - O blog é o seguinte: reinaldoesportes.blogspot.com . Este meu blog criei com a intenção de preservar a memória do esporte (principalmente o futebol) da minha cidade, Assunção - PB. Pois aqui meu amigo muita coisa se perdeu no tempo. Já fiz grande esforço e resgatei alguma coisa. Mas mesmo assim eu coloquei matérias do site FIFA para os leitores que se amarram nas competições internacionais.
Mauro Prais - Parabéns pelo seu blog. Cumpre com brilhantismo o objetivo de documentar a historia do futebol em Assunção.
Reinaldo da Silva - Mauro posso colocar também o link do reconhecimento da FIFA a conquista do Vasco da Gama, no Mundialito de Beach soccer: http://www.fifa.com/beachsoccerworldcup/news/newsid=1429115/
Agora ela tem de ter dignidade, e por no site uma página com um banner como ela faz com outros torneios. Aliás deveria colocar junto com os outros torneios.

Sua paixão pelo Vasco

Reinaldo da Silva - Mauro você como ficou apaixonado pelo Vasco?
Mauro Prais - Torço pelo Vasco desde que me entendo por gente. Meus pais são vascaínos e, obviamente, me influenciaram. Meu pai passou a me levar ao Maracanã e São Januário quando eu tinha cinco anos.
Reinaldo da Silva - Qual foi a maior tristeza e a maior alegria que tiveste nestes anos de vascaíno?
Mauro Prais - Tive muitas alegrias e algumas tristezas. Difícil apontar a maior alegria de todas. Entre as maiores alegrias estão as conquistas do campeonato carioca de 1970, do campeonato nacional de 1974, da Copa Libertadores em 1998 e da virada sobre o Palmeiras na final da Copa MERCOSUL de 2000. A volta do Roberto Dinamite apenas alguns meses depois de ter deixado o Vasco rumo ao Barcelona e o seu reaparecimento com a camisa do Vasco no Maracanã no jogo em que marcou cinco gols no Corinthians em 1980 definitivamente foi uma alegria enorme e inesquecível.
A maior tristeza foi a perda do Campeonato Mundial da FIFA de 2000, na disputa de pênaltis.

Sobre seu site, e possível culpa de Antonio Lopes na Copa Intercontinental 1998 Mundial de Clubes 2000.

Reinaldo da Silva - Nós vemos em seu site a paixão pelo Vasco, seu blog mprais.netvasco.com.br , foi criado quando?
Mauro Prais - O meu site não é um blog, é um site mesmo. Foi criado experimentalmente em outubro ou novembro de 1994, não me lembro bem, e oficialmente em março de 1995. Foi o primeiro site sobre o Vasco e o segundo de clube brasileiro. Atualmente ele é hospedado no domínio netvasco.com.br, por uma cortesia do dono do site Netvasco (em outras palavras, um favorzão de um grande amigo), mas não faz parte desse site.
Reinaldo da Silva - A pergunta pode ser indiscreta mas é você quem o atualiza?
Mauro Prais - Eu faço tudo, não tenho parceiros. E' um site puramente amador, que faço como hobby, nas horas vagas. Isso se nota pela ênfase no conteúdo e não na forma, que é meio primária, já que não sou webmaster profissional.
Reinaldo da Silva - Você poderia colocar a foto do time vice intercontinental 1998, seria legal para a nação vascaína que procura esta foto.
Mauro Prais - Eu procuro colocar no site fotos de times campeões. Naquele período, o Vasco ganhou tantos títulos, para que se preocupar com uma foto de um jogo em que saímos derrotados?
Reinaldo da Silva - Até que ponto o Antonio Lopes prejudicou o Vasco em 1998 no Japão e "Maracanazo" 2000? Já que em 1998 com o Vasco jogando melhor ele tirou o Vagner e colocou Victor, deu no que deu. 2000, com uma disputa por pênaltis que estava próxima ele tira Ramón, exímio cobrador e isso para tentar não levar a disputa por pênaltis com medo do Dida. Isso também deu no que deu, sem falar que a história nos mostra que o Edmundo é uma droga de cobrador de pênalti.
Mauro Prais - Eu teria preferido que o Vasco tivesse entrado naqueles jogos com outra postura. O Lopes tinha mesmo aquele estilo de cautela demasiada, que nunca me agradou. Ele gostava de segurar os meias e obrigar os atacantes a recuar demais para combater no meio de campo. O Luisão, coitado, as vezes era até visto cobrindo o lateral esquerdo perto da bandeirinha de escanteio. Porem a estratégia dele deu certo em outras ocasiões, como na final do Brasileiro de 1997 e durante a Libertadores de 1998, apesar de fazer a gente sofrer ate' o final, desnecessariamente, na minha opinião. No jogo contra o Real Madrid em Tóquio, o Válber ou o Vagner deveriam ter jogado em vez do Vitor, que era melhor na marcação mas fraco tecnicamente. Em 2000, eu não me lembrava mais do detalhe da substituição do Ramon, apesar de que eu estava presente no Maracanã, mas quem pode garantir que o Ramon converteria um dos pênaltis? E se ele estivesse em campo para bater, certamente não seria o Edmundo que deixaria de bater, apesar deste ser notoriamente um mau batedor. Acho que o que nos matou naquele jogo foi a postura tática tímida, principalmente no segundo tempo. Se o time tivesse partido para dentro do Corinthians, teria grande chance de fazer um gol nos 90 minutos.

Mais sobre Vasco e Roberto Dinamite
Reinaldo da Silva - Finalmente o Vasco venceu uma Copa do Brasil, não tivesse algum ataque do coração durante o jogo não?
Mauro Prais – Ainda bem que meu coração é forte, porque a decisão foi muito dramática. Mas valeu a pena, porque a conquista foi histórica e as comemorações da torcida em vários pontos do Brasil e do mundo foram lindas de se ver.
Reinaldo da Silva -Libertadores 2012, você deixaria o Ricaro Gomes ou levaria um treinador experiente nesta competição?
Mauro Prais - É cedo para pensar no treinador do ano que vem. Vai depender da campanha no campeonato brasileiro e das propostas que surgirão para tirar o Ricardo Gomes do Vasco, como essa da seleção da Arabia Saudita, que ele rejeitou agora mas pode vir a aceitar depois do encerramento do campeonato brasileiro.
Reinaldo da Silva - Seu time teria para a Libertadores quais destes jogadores?
Mauro Prais - Do time que disputou a segunda partida da decisão da Copa do Brasil, acho que todos são qualificados para fazer parte do elenco para a Copa Libertadores.
Reinaldo da Silva - Se a Libertadores fosse hoje, que posição você acha que o Vasco com o atual elenco terminaria ?
Mauro Prais - Não tenho condições de fazer uma previsão de colocação do Vasco na Libertadores pois os times participantes ainda não estão definidos.
Reinaldo da Silva - Caso o time vença o torneio você levaria exatamente o mesmo time para o mundial ou reforçaria?
Mauro Prais - Não sei qual será o elenco do Vasco na Libertadores, por isso não posso saber se precisaria de mais reforcos para a disputa do Mundial, caso vença a Libertadores.
Reinaldo da Silva - Dá para fazer uma fé neste time no camponato brasileiro 2011?
Mauro Prais - Levo fe' no Vasco fazer uma ótima campanha nesse Campeonato Brasileiro. Acho que tem condicoes de ser campeao.
Reinaldo da Silva - O campeonato nacional tem 38 rodadas e um time para ser campeão precisa de elenco. Você acha que o expressinho pode dar suporte a altura do time principal?
Mauro Prais - O time tem bons reservas do meio campo para a frente, mas a defesa precisa de reservas à altura. Se houver problemas de contusões na zaga que precisem de um longo tempo de recuperação, vai ser preocupante. Na posicao de goleiro, tambem e' motivo de preocupação que o reserva do Fernando Prass seja muito inexperiente. Dizem que é um bom goleiro mas eu ainda nao o vi jogar. Eu gostaria de ver alguns jogadores que são destaque nas categorias de base serem integrados ao time profissional para ir pegando experiência. As vezes a solução caseira funciona melhor do que arriscar uma contratação e geralmente é mais barato.
Reinaldo da Silva - Você votaria no Dinamite para presidente do Vasco ou mudaria?
Mauro Prais - Na minha opinião o melhor para o Vasco seria o Dinamite vencer a eleição. Se eu estivesse no Rio na época da eleição, só não votaria nele se as pesquisas de boca de urna já dessem como certa a vitória dele, para dar meu voto ao Jayme Lisboa Alves, para que sua chapa chegasse em segundo lugar. Seria muito bom se o novo conselho deliberativo não tivesse representantes do Eurico Miranda/P. Valente e do J.H. Coelho.
Reinaldo da Silva - Quem do elenco do Vasco você dispensaria? pode ser do time, do banco (reservas terinador ou comissão técnica) ou da cartolagem.
Mauro Prais - Eu não mexeria na administração atual ou na comissão técnica. Porém há alguns jogadores no elenco que não me agradam. Por mim, seriam dispensados o Fernando(zagueiro), Márcio Careca, Irrazábal, Cesinha (que nem sei se ainda está no elenco ou se foi emprestado), Caique, e acho que tem outros cujo nome nao me ocorre no momento. Dos que estão atualmente emprestados a outros clubes, não faço questão que nenhum volte, principalmente o Carlos Alberto. Esse aliás eu espero que nunca mais passe perto de São Januário.
Reinaldo da Silva - Então, você também coloca fé nas categorias de base?
Mauro Prais - As categorias de base do Vasco contam com jogadores muito promissores no momento. Já integrados ao elenco principal estao o Allan, que está convocado para a seleção sub-21, e o Max. Tem garotos ainda com idade de juniores que vieram de outros clubes, como o Romulo, Bernardo, Diego Rosa, Douglas, Jomar, Patric. Vários outros jogadores dos juniores me agradam, como Marlone, Willem. E na categoria sub-17 tem o Guilherme, que esta' na selecao que esta' disputando a Copa.
Reinaldo da Silva - Revelados em casa: Carlos Germano, Pedrinho e Felipe, o que fazer para termos a curto prazo nomes tão fortes como estes? O Vasco chega a "gerar" quantos bons jogadores em média por ano?
Mauro Prais - No passado recente, foram revelados Alex Teixeira, Allan Kardec e Philippe Coutinho, que infelizmente tiveram que ser vendidos para clubes europeus. Portanto se vê que o Vasco voltou a revelar um bom número de bons jogadores. Mas se eles serão tao bons quanto Carlos Germano, Pedrinho e Felipe, só o futuro pode dizer.
Reinaldo da Silva - Sempre ouvi sobre "pistolões" em categorias de base, será que no Vasco tem as mesmas coisas? Você sempre viu como danoso a um clube essas figuras? O que um clube como o Vasco deve fazer para manter estas coisas bem longe de suas portas?
Mauro Prais - Não posso falar nada sobre o funcionamento das categorias de base do Vasco, pois não sei como é dirigido nem como funciona o dia a dia de lá. Se tem pistolões ou figuras danosas, ignoro completamente. A julgar pelos resultados, parece que o Vasco voltou a trilhar o caminho certo, pois depois de vários anos o Vasco voltou a conquistar um campeonato de juniores no ano passado.
Reinaldo da Silva - Como você explicaria aquela seqüência louca de vices frente o Flamengo? Você como reage as provocações dos adversários quando chateiam por mais algum vice?
Mauro Prais - Esse mito que a imprensa inventou de que o Vasco seria sempre vice é uma mentira para enganar otário. Vascaíno que conhece a história do clube pelo qual torce nao cai nessa esparrela. O Vasco é um clube vencedor. Perder decisões são contingências do futebol, e o Vasco, na sua história, ganhou mais decisões do que perdeu. O Vasco perdeu duas decisões de campeonatos brasileiros, mas ganhou quatro. Estatística normal, pois ninguém ganha tudo. O Vasco tem mais títulos onde o Flamengo foi vice do que o contrário. Explica essa! Quero ver tambem explicar o vice do Flamengo para o Santo André na Copa do Brasil. Quero ver a explicação do motivo pelo qual o Flamengo é o clube carioca com mais vices acumulados na história. Como se explica o inigualável recorde de tetra-tri vice do Flamengo em campeonatos cariocas (sendo que dois tris ocorreram em apenas uma década, a de 1980, a tal que dizem que foi a era de ouro deles). E quero ver justificar como é que pode o Flamengo ter mais vices do que títulos.

O fracasso vascaíno nos brasileiros de 1979 e 1984, e o amor da torcida a Edmundo e aversão a Romário
Reinaldo da Silva – Mauro, você que assistiu, nos fale o que aconteceu com o Vasco nas finais de brasileiro que perdeu?
Mauro Prais - De fato eu estava presente no Maracanã nas duas ocasiões em que o
Vasco perdeu a final do campeonato brasileiro, em 1979 e 1984.
Em 1979, o Vasco foi surpreendido nos contra-ataques, na primeira partida da final, que foi no Maracanã. O Internacional jogou plantado e deixou um atacante muito veloz chamado Chico Espina lá na frente. Ele não jogava nada, mas tinha uma arrancada impressionante, mesmo apesar de ser um pouco atarracado. O Vasco foi pra cima e tomou dois gols do citado atacante em lancamentos longos, sendo que o segundo gol foi já no finzinho do jogo. Esse resultado fez da segunda partida, no Beira-Rio, uma mera comemoração do titulo pelos Colorados, que diga-se de passagem, tinham um fortíssimo time, sem dúvida o melhor do Brasil, até porque contava com o melhor jogador do Brasil daquela época, o atual técnico Falcão - em que pese a propaganda que a midia carioca fazia em prol de um queridinho deles.
Em 1984 o Vasco tinha um time muito técnico e muito bem dirigido pelo Edu (irmao mais velho do tal queridinho da midia citado acima), que implantou um estilo de jogo alegre, voltado para fazer gols (o Vasco teve o ataque mais positivo e os dois maiores artilheiros daquele campeonato, Roberto e Arthurzinho) , enquanto que a defesa era também muito boa. Tinha portanto tudo para ser campeão. Porém o Fluminense, adversário na final, era dirigido pelo Parreira, especialista em armar sistemas defensivos impenetráveis e não deixar o adversário jogar. Se a final tivesse sido jogada 10 vezes, acredito que o Vasco teria ganho a maioria delas, mas infelizmente daquela vez não foi o caso. A disciplina tática do Parreira naquela ocasiao se impos ao futebol alegre e ofensivo do Edu. Dois outros fatores foram importantes. O primeiro é que o Fluminense tinha na sua zaga o Ricardo Gomes, que foi um baita zagueiro e o único de todos os zagueiros que eu vi, durante praticamente vinte anos, que conseguiu levar vantagem na marcacao sobre o Roberto Dinamite. O Roberto botava todos os seus marcadores no bolso, com exceção do Ricardo Gomes, que, especialmente naquelas finais, não deixou o Dinamite nem andar. Veja agora que ironia da vida, o Ricardo ser o técnico do Vasco justamente quando o presidente é o Roberto. O segundo fator era que essa final foi em plena vigência de um longo período, que durou dos anos 1960 ao final dos anos 1980, em que o Vasco tinha uma dificuldade tremenda para ganhar do Fluminense. A bruxa ficava solta em São Januário na semana do clássico e coisas imprevisíveis aconteciam nos jogos. Naquela
final, bastou um lance fortuito na área do Vasco para que o Romerito conseguisse tocar a bola para as redes, num gol feio e esquisito, e foi assim, 1x0 na primeira partida, e na segunda o Flu conseguiu segurar o 0x0 apesar da pressão do Vasco. Felizmente depois de 1988 ou 89 passou a só dar Vasco no confronto e o Flu virou freguês.
Reinaldo da Silva - Estatisticamente vemos claramente o Romário fazendo mais pelo Vasco que o Edmundo, e ambos já brigaram com a torcida cruzmaltina: Como se explica este amor da torcida pelo Edmundo mesmo o "baixinho" fazendo mais pelo clube?
Mauro Prais - Sobre o amor da torcida, ou melhor, parte dela, pelo Edmundo, acho que não tem explicação. É coisa de paixão mesmo, e paixão é irracional. Não sou eu que vou encontrar uma explicação, certo? De qualquer forma, eu acho que o Edmundo teve duas grandes fases no Vasco, quando ele foi revelado, em 1992, e quando ele voltou, no final de 1996 até o final de 1997, e devemos muitas alegrias a ele, como o título brasileiro de 1997 e várias goleadas históricas sobre os mulambos. Devemos algumas tristezas a ele também, mas isso faz parte.
Acho que parte da torcida não engole até hoje o período em que o Romário jogou pelo clube dos mulambos e foi ídolo máximo da mulambada. Eu acho isso bobagem, porque o que importa é o que um jogador faz enquanto joga no Vasco, e não o que ele fez ou deixou de fazer por outros clubes.
Reinaldo da Silva - Se você fosse o Dinamite e tivesse um parceiro forte a exemplo do Palmeiras/Parmalat, você contrataria alguma estrela brasileira ou internacional? Quem?
Mauro Prais – Não me sinto capacitado a emitir opiniões sobre decisões administrativas, que passam por questões de quanto dinheiro o parceiro estaria disposto a investir, o que exigiria como retorno do investimento, etc. Sem levar em conta essas condições, a pergunta não leva a nada a não ser a um exercício de fantasia completamente inconseqüente.
Reinaldo da Silva - Com sua experiência é possível a "unificação" isto é ser campeão da Copa do Brasil e do Brasileirão com os reforços que chegaram?
Mauro Prais - Na minha opinião o Vasco tem chance, apesar de não ser considerado favorito. Mas nem sempre o favorito no primeiro turno acaba sendo campeão, como ficou demonstrado nos três campeonatos passados. No momento o importante é se manter dentro de uma distância razoável do primeiro colocado, mantendo a motivação do time para que seja possível uma arrancada na hora certa. Serão decisivos os três jogos de seis pontos que serão disputados proximamente contra os adversários diretos na tabela (São Paulo, fora, Palmeiras, em casa, e Flamengo, neutro). Só depois disso saberemos se o título continuará possível ou não.

Apostas, se torce para outros times e comparações entre seleções de 1982 e 1994

Reinaldo da Silva - Você não torce para outros times brasileiros em competições internacionais? Por exemplo nesta final da Libertadores você torcia pelo Santos ou Penãrol?

Mauro Prais - As vezes eu torço, mas depende do time brasileiro e do adversário. Nessa Libertadores torci para o Santos na final.

Reinaldo da Silva - Já perdeste alguma aposta apostando pelo Vasco ou Sel. brasileira?

Mauro Prais - Nunca aposto valendo dinheiro ou qualquer outra coisa. Mas apostar só de boca, claro, já perdi e ganhei bastante.
Reinaldo da Silva -1982 ou 1994 viraram contrastes, muitos ficaram apaixonados por aquele time mas não ganhou a Copa, quanto o de 1994 que não era tão brilhante ganhou, o que você sendo treinador preferia estabelecer para seu time o futebol "alegre" ou o "retranqueiro"?
Mauro Prais - Antes de responder, quero frisar que discordo totalmente desses cliches que se criaram sobre as selecoes de 1982 e 1994.
Me agrada mais o equilíbrio de todos os setores, ou seja, defesa e ataque igualmente fortes e um meio-campo que saiba proteger a defesa e municiar o ataque com igual eficiência. Mas na prática a teoria tem que ser diferente, pois é comum um treinador nao possuir um plantel com a qualidade necessária e acaba precisando optar entre privilegiar o ataque ou fortalecer a defesa. O treinador deve fazer uso eficiente de todas os recursos que tiver no seu grupo de jogadores, inclusive o virtuosismo técnico. Ou seja, ele tem que saber canalizar essa capacidade de jogar o chamado "futebol alegre" (outro cliche que nao gosto) no sentido de alcançar o resultado.

Reinaldo da Silva - O que você acha da Vasco TV?
Mauro Prais - Uma iniciativa admirável do departamento de marketing, como muitas outras que eles tem colocado em prática. Todo vascaíno deveria assistir sempre.

Tabelinha

Reinaldo da Silva - Mauro vamos de primeira numa tabela daquelas históricas do machão da colina:
Edmundo ou Romário?
Mauro Prais - Isso é uma falsa dicotomia. Não há porque ter que escolher. Os dois não só podiam jogar juntos, como jogaram.

Reinaldo da Silva - Qual foi o melhor jogador que já viste jogar?

Mauro Prais - Pelé.

Reinaldo da Silva - E no Vasco?
Mauro Prais - O melhor foi o Romário, mas o mais importante foi o Roberto.

Reinaldo da Silva - Melhor goleiro do Vasco?

Mauro Prais - Andrada.

Reinaldo da Silva - Maracanã?

Mauro Prais - Uma pena que acabaram com ele. Aqueles jogos com público de 150 ou 200 mil, quem viu, viu, quem não viu, não poderia imaginar. Acho difícil que o novo mini-Maracanã tenha a magia do original.

Reinaldo da Silva - São Januário?

Mauro Prais - Representa muito na nossa história e é um estádio muito charmoso, mas deveria ter sua capacidade ampliada para que o Vasco possa jogar lá os clássicos e finais quando tiver o mando de campo.

Reinaldo da Silva - A camisa do Vasco prefere a preta ou a branca?

Mauro Prais - Preta.

Reinaldo da Silva - Melhor time o de 1998 ou o de 2000?

Mauro Prais - 2000.

Reinaldo da Silva - Melhor treinador vascaíno?

Mauro Prais - Orlando Fantoni.

Reinaldo da Silva - Melhor presidente?

Mauro Prais - Antonio Soares Calçada.

Reinaldo da Silva - Time inesquecível?

Mauro Prais - O de 1977: Mazzaropi, Orlando, Abel, Geraldo e Marco Antonio; Zé Mário, Zanata e Dirceu; Wilsinho, Roberto e Ramon (Paulinho).



Copa do Mundo do 2014 e Olimpíadas 2016

Reinaldo da Silva - Mauro o que espera da Copa 2014 e olimpíadas 2016 ?

Mauro Prais - Pelo que vi até agora, não dá para ficar otimista com relação à organização dos eventos.
Reinaldo da Silva - Eras a favor da realização destes eventos?

Mauro Prais - Acho que se esses eventos fossem bem executados e não houvesse corrupção, seriam totalmente válidos.
Reinaldo da Silva - Acredita na conquista brasileira em 2014?
Mauro Prais - Com a atual direção da CBF e comissão técnica, não mesmo.
Reinaldo da Silva - Você convocaria o Ronaldinho Gaúcho para a Copa do Mundo com o futebol que ele está jogando hoje?
Mauro Prais - Nem para a Copa de 2014 nem para a seleção atual.
Reinaldo da Silva - Ricardo Teixeira você é a favor da manutenção dele à frente da CBF?
Mauro Prais - Num país serio, já devia ter saído há muito tempo e respondido a vários processos.
Reinaldo da Silva
O que a seleção brasileira precisa para retomar aquele futebol competitivo?
Mauro Prais - Se eu soubesse a fórmula, estaria em outra profissão. Só sei que, com essa direção e essa mentalidade, não está a altura das tradições do futebol brasileiro.
Reinaldo da Silva - Por que é que o Vasco tá bem mas de vez em quando leva dessas de quatro?
Mauro Prais - De vez em quando, você quer dizer três. Na primeira, 5x1 para o Coritiba, em Floripa, o Vasco estava com time reserva. Na segunda,foi um clássico contra o Botafogo, onde tudo pode ocorrer, como no ano passado em que o Vasco deu de 6 e o Botafogo acabou campeão. Na terceira, fora de casa para o América-MG, o time entrou bastante desfalcado e não conseguiu "entrar" na partida. Acontece, são circunstâncias do futebol. Num campeonato longo, em que as equipes são bastante niveladas, variações de rendimento são normais. Pode consultar os resultados de campeonatos passados e verá algumas goleadas sofridas por clubes que terminaram no topo da tabela.
Reinaldo da Silva - Os caras te sacaneiam muito?
Mauro Prais – Os caras??? Moro nos EUA, não conheço quase ninguém que acompanha o futebol brasileiro.

Da sua carreira como jogador


Reinaldo da Silva - Já jogaste futebol?
Mauro Prais - Quando eu era garoto jogava pelada na rua, na escola, em clubes,geralmente futebol de salão e, mais tarde,futebol society, mas só de brincadeira. Mas eu era fraco tecnicamente, nunca tive a menor condição de sequer pensar em tentar passar numa peneira de clube para futebol de campo. Até os 25 anos eu sempre arrumava uma pelada para jogar pelo menos uma vez por semana, mas aí rompi os meniscos e parei.
Reinaldo da Silva - Qual posição?
Mauro Prais - Pelada não tem posição, eu jogava em qualquer uma, defesa ou ataque, mas eu gostava mais de ataque.
Reinaldo da Silva - Alguma conquista como jogador?
Mauro Prais – Nenhuma.
Reinaldo da Silva - Tem alguma foto de sua atuação como jogador? se tiver poderia colocar no site?
Mauro Prais – Nenhuma

O drama de Ricardo Gomes

Reinaldo da Silva - Ricardo Gomes o que acha desta manifestação de vários clubes àfavor da recuperação dele?
Mauro Prais - É emocionante ver esse apoio maciço a um ser humano que, afinal, é muito respeitado e querido no seu meio profissional. Esses clubes que se manifestaram demonstraram ser dirigidos por pessoas dotadas de dignidade e humanidade.
Reinaldo da Silva - Já oraste pela recuperação dele?
Mauro Prais - Torço sem parar pela recuperação dele, do fundo do meu coração.

As poucas oportunidades de Roberto Dinamite na seleção brasileira
Reinaldo da Silva - Gostaria de saber o que aconteceu com o Roberto Dinamite não ter sido titular na Copa do Mundo de 1982.
Mauro Prais - Falar mal do Telê Santana hoje em dia soa até como heresia, pois os torcedores dos times que ele dirigiu, alem de grande parte da mídia, só faltam pedir a canonização dele. Mas a verdade é que ele era um cara teimoso e rancoroso, que guardava recalques e tinha a mania de proteger certos jogadores dos times com os quais tinha ligação anterior, enquanto que perseguia a outros. Por algum motivo, resolveu marginalizar o Roberto e nem mesmo o cumprimentava. Não sei o que ele poderia ter contra o Roberto pessoalmente, já que este sempre teve bom caráter, boa índole, sempre tratando a todos muito bem e com respeito. Especulo que talvez o Telê tivesse algum recalque do Vasco, da época em que estava no final da carreira e o Vasco o contratou mas ele não se deu nada bem em São Januário.
Voce deve estar se perguntando então por que o Telê convocou o Roberto? Na verdade, isso só aconteceu porque o Careca teve uma distensão e foi cortado. O Careca seria o titular do time do Telê e o Serginho o reserva. Porém, antes da Copa, o Roberto é que estava em melhor forma, tinha sido até o recordista de gols na temporada de 1981. Ficava até mal não convocar um jogador assim, e o Telê teve que convocá-lo algumas vezes na fase preparatória, mas o lançou poucas vezes no time, com o único propósito de queimá-lo. Por isso resolveu testá-lo justamente num jogo da seleção no Morumbi, deixando Careca no banco, diante da torcida paulista. Roberto passou o primeiro tempo todo vaiado e foi substituído no intervalo pelo Careca, para delírio da torcida. Assim o Telê pode justificar o seu corte. Mais tarde, com a contusão do Careca, ele nao teve outro remédio senao convocar o Roberto a contragosto, mas se vingou o ignorando e não o colocava nem no banco, apesar do Roberto sempre se destacar nos treinamentos durante a Copa. Enquanto isso, o Serginho ia tendo atuacoes pífias, perdendo seus gols e rindo amarelo, mas o Telê devia gostar disso, sei lá, como tambem devia gostar dos frangos do Valdir Peres, das mancadas do Luisinho e a falta de cobertura quando o Junior avançava, dos passes errados e chutes a esmo do Toninho Cerezzo, do espaco vazio que ficava no flanco direito do campo com o time jogando todo torto. Quer saber, ainda bem que o Roberto não participou daquele fracasso, senão ainda iam querer botar a culpa nele.

Reinaldo da Silva - Porque ele não teve tantas chances em Copas do Mundo?
Mauro Prais - Em tres Copas, por implicância e preferências pessoais dos treinadores. Em 1978 ele também teria ficado de fora se não fosse o Nunes ter se contundido. Preferir o Nunes (que ainda era do Santa Cruz, ao contrário do que eu já vi a mídia propagar por aí) do que o Roberto, só na cabeça de um treinador que também preferia o Chicão ao Falcão e o Rodrigues Neto ao Marinho e Marco Antonio. Ironicamente, ele acabou sendo o ultimo recurso desesperado do treinador para melhorar um ataque que nao fazia gols, e classificou o Brasil para a segunda fase marcando um golaço contra a Áustria. Depois ainda terminou a Copa como co-artilheiro do time. Em 1982, sucedeu o que eu contei na resposta anterior. Na de 1986, ele nem foi sequer considerado, apesar de ter tido otimas temporadas em 1984 e 1985. Portanto é verdade que o Roberto não teve as chances que mereceu na seleção, mas em compensação, isso pode ter custado muito caro ao Brasil - uma ou duas estrelinhas douradas acima do escudo da CBF, pelo menos.
Reinaldo da Silva - Ele não era daqueles que amarelavam com a amarelinha não?
Mauro Prais - Ao contrario, algumas vezes ele entrou na fogueira e não amarelou, como naquele jogo contra a Áustria na Copa de 1978 e outras ocasiões fora das Copas. Já o mesmo nao se pode dizer de outros, mesmo aqueles tidos como craques, mas que na hora do vamos ver negavam fogo, sentiam dorzinhas, sumiam do jogo, perdiam penaltis... Ele teve a melhor média de gols na seleção, comparada com a dos outros centroavantes que jogaram na mesma época.
Reinaldo da Silva - O Zico parece ter amizade com o Roberto de longa data, Gostaria de saber porque o ídolo flamenguista teve mais chances com a amarelinha?
Mauro Prais - O Zico e o Roberto tinham uma relação amistosa e de respeito mútuo, mas não chegava a ser uma amizade fora de campo. De qualquer forma, isso nao tem nada a ver com chances de convocação. Acredito que a rivalidade entre o Vasco e o Flamengo, e a postura da imprensa em relação a essa rivalidade, tenha tido influência. Corroborando essa suspeita, nota-se que o Roberto não foi o único jogador vascaíno a nao receber as chances que merecia na seleção a partir de um certo momento na história do futebol brasileiro, quando foi decidido por certas forças que o Flamengo teria que se tornar um clube hegemônico.
Fracasso do Vasco nas libertadores de 1975, 1980 e 1985, e reinvindicação do Vasco do reconhecimento do título Sulamericano 1948.
Reinaldo da Silva - Porque o Vascão não teve êxito nas Libertadores anteriores em 1975, e nas que participou como vice campeão nacional?
Mauro Prais - Você deve estar se referindo a 1975, 1980 e 1985.Naquela época os clubes não davam à Libertadores a mesma prioridade que dão hoje. Os campeonatos regionais eram tratados com muito mais importância, principalmente os campeonatos carioca e paulista. Portanto não havia um planejamento visando especificamente a Libertadores. Isso não era um problema só do Vasco, todos os clubes eram assim, principalmente os cariocas e paulistas, que disputavam os campeonatos mais importantes e difíceis do pais. Os títulos da Libertadores conquistados por clubes brasileiros naquela época são mais a exceção do que a regra, e alguns deles tiveram circunstâncias especiais.

Alem disso, naquela época a fórmula da Libertadores era bem mais difícil que hoje em dia, pois na primeira fase só se classificava um time de cada grupo de quatro e invariavelmente os dois representantes brasileiros ficavam no mesmo grupo. O Vasco pegou Cruzeiro e Internacional respectivamente em 1975 e 1980, só um poderia sobreviver e o Vasco levou a pior. Em 1985, o grupo tinha Vasco e Fluminense e dois clubes argentinos, e os dois brasileiros dançaram.

Reinaldo da Silva - Você concorda que o motivo do Vasco ter reinvindicado o título de 1948 do Sulamericano e participar da Supercopa de Campeões de Libertadores foi o fato do maior rival estar disputando o torneio?

Mauro Prais - Discordo totalmente. Em primeiro lugar, o Vasco nao precisava reivindicar um título que sempre foi dele, sem discussão. O Vasco apenas requereu o reconhecimento oficial por parte da Conmebol de que o Sulamericano de 1948 havia sido o precursor e inspirador da Copa Libertadores, e consequentemente o direito de participar da Supercopa por uma questão de justica que há muito tempo era devida, pois ter sido o primeiro campeão sulamericano, e o primeiro time brasileiro a conquistar um campeonato no exterior, tem um valor intrínseco que deve ser conhecido e reconhecido por todos. Não teve nada a ver com o maior rival. Alias foi o maior rival que se sentiu incomodado, pois se deu ao trabalho de enviar um seu dirigente, Dr. Michel Assef, para advogar perante a Conmebol contra o pedido do Vasco.


Calendário esportivo, estaduais.

Reinaldo da Silva - O que você faria para melhorar o calendário do futebol brasileiro?

Mauro Prais – Por que, não está bom como está? O calendário já foi muito ruim há tempos atrás, mas foi mudado e acho que melhorou.
Reinaldo da Silva - Fala-se em extinção de estaduais qual a sua opinião?
Mauro Prais - Seria a morte para os clubes de menor investimento, o que seria terrível para o futebol brasileiro. Essa ideia perversa so' poderia servir àqueles que tem algum interesse financeiro nisso. Talvez alguns empresários do futebol e impérios da mídia, incluindo possivelmente alguns jornalistas. No máximo, o que poderia ser feito é eximir os clubes da série A do campeonato brasileiro da obrigação de participar dos estaduais com seus times principais. Esses times poderiam inscrever um time de aspirantes, o que seria útil para testar e adaptar jogadores recém contratados ou promovidos das divisões de base, ou simplesmente optar por não participar.
Reinaldo da Silva - O que falta para o campeonato carioca ser tão competitivo quanto o paulista?
Mauro Prais - Vai me desculpar, mas o campeonato paulista é chato pra caramba... O campeonato carioca sempre foi o mais charmoso, mas nos últimos dez ou doze anos houve um esvaziamento, com a sua imagem muito prejudicada devido à falta de credibilidade do campeonato. Desde que teve seus direitos de transmissão negociados, se acentuaram bastante os problemas de arbitragem e do tribunal de justiça desportiva, em meio a denúncias de armações e mutretas para favorecer certos clubes e prejudicar a outros. O regulamento tambem foi modificado para pior, com a divisão dos clubes em duas chaves e o aumento do número de participantes. Tudo isso diminui o interesse do público e esvazia os estádios. Recentemente a rede Record publicou uma denuncia grave a esse respeito. Não supreendentemente, passou em branco na outra rede. Veja esses links:

http://esportes.r7.com/futebol/noticias/ex-arbitros-denunciam-esquema-de-fraudes-no-carioca-e-acusam-eurica-miranda-20110902.html

http://tanaarea.net/noticias/noticias.asp?idcanal=1&id=21167


Se foi chamado do pé frio, a final da Copa Toyota Intercontinental 1998, e futebol nos EUA.

Reinaldo da Silva - Estavas no Maracanã em conquistas de títulos e em derrotas do Vasco da Gama alguma vez alguém te chamou de pé frio?


Mauro Prais - Jamais alguem insinuou que eu pudesse ser pé frio, nem teria como. Entre 1965 e 1985 eu compareci à grande maioria de jogos do Vasco no Maracanã e em São Januário. É natural que eu tenha visto várias derrotas. Porém garanto que vi muito mais vitórias e estava presente em todos os títulos conquistados nesse período, desde a I Taça Guanabara de 1965 até o terceiro turno do estadual de 1984.

Reinaldo da Silva - Na Copa Toyota de 1998 viste o jogo no Japão ou no Brasil, você acha que o Vasco demorou muito para acordar no jogo?

Mauro Prais - Eu nao vi aquele jogo, pois não houve transmissão direta para os EUA. Acompanhei o andamento pela Internet, por escrito. Só fui ver o VT muito tempo depois. Achei que houve excesso de cautela do Antonio Lopes na escalação e na postura inicial do time. Mas até hoje eu "vejo" aquela bola do Felipe entrar e aí história teria sido diferente.

Reinaldo da Silva - Nos EUA por aí tem Campeonatos estaduais de Futebol (Soccer) ?

Mauro Prais - Não que eu saiba. Há campeonatos de ligas amadoras locais, em várias cidades. Os times não chegam nem a ser clubes, são apenas grupos que se inscrevem como times e os jogos não são disputadas em estádios, jogam nos campos dos parques públicos mesmo. Só vai assistir quem é parente ou amigão de algum jogador.

Opinião sobre a contradição da FIFA sobre a definição de títulos mundiais de clubes
Reinaldo da Silva - O que você acha da FIFA que diz que o Corinthians é o primeiro campeão do mundo, mas no próprio site dela encontramos expressões São Paulo TRICAMPEÃO MUNDIAL, Barcelona perdeu final do mundial em 1992?
Mauro Prais - Nunca reparei isso, voce tem o link? Talvez a FIFA ainda não tenha conseguido fazer todas as atualizações necessárias no site oficial visando uma coerência total de informações. Mas a diretriz oficial da FIFA é enfática no sentido de não reconhecer como campeões mundiais os vencedores das copas intercontinentais e qualquer outra competição que não tenha sido realizada sob a égide da entidade.
Reinaldo da Silva - Além do Flamengo quais times em ordem que você não gosta?
Mauro Prais - Só gosto do Vasco, não há lugar para o resto.
Reinaldo da Silva - Grande Mauro sábias respostas, os links são:

http://pt.fifa.com/tournaments/archive/clubworldcup/uae2009/overview.html

http://pt.fifa.com/tournaments/archive/tournament=107/edition=4735/overview.html

http://www.fifa.com/tournaments/archive/tournament=107/edition=4735/overview.html

neste link acima é na versão inglês (claro que para você não há dificuldade para entender) veja que aparece a expressão hat-trick. no terceiro parágrafo. isso se refere a terceiro como é chamado quando um jogador marca três gols num jogo.

Mauro Prais - Valeu pelos links. Eu notei o seguinte. O título do texto em português (São Paulo leva tri mundial) é totalmente diferente do título do texto em inglês (High Drama in Yokohama). Parece que o cara que fez a tradução quer forçar uma barra.
No texto em português, o tricampeonato do São Paulo é mencionado na seguinte frase:

"A motivação são-paulina pela busca do tricampeonato ainda tinha um sabor especial"

Porem no texto em inglês, a frase tem um sentido diferente:

"If that were not motivation enough to claim a hat-trick of sorts...", ou seja, "Se isso não fosse motivação suficiente para reivindicar uma espécie de tri ..."

Talvez seja apenas a minha interpretação, mas você percebe como isso não equivale à FIFA afirmar que o São Paulo seria tricampeão mundial?

A julgar pela tradução do artigo de 2009 ("O Barcelona saiu ganhando") - e como frisei, o tradutor é suspeito - a FIFA diz que as Copas Toyotas foram títulos mundiais. Na minha interpretação, isso não é equivalente a colocar aqueles títulos no mesmo saco que os campeonatos mundiais da FIFA. É como dizer que que a Taça Brasil era um título brasileiro, mas que não é a mesma coisa que o Campeonato Brasileiro. Ah... desculpe, me esqueci que você acha que é a mesma coisa. :)))

Reinaldo da Silva - Mauro para assistir os jogos do Vasco no carioca, Copa do Brasil, Sulamericana e Brasileirão como você faz aí nos EUA?

Mauro Prais – Tenho assinatura da Globo Internacional e PFC Internacional, que transmitem as competições nacionais. Para a Sulamericana e Libertadores do ano que vem, fiz a assinatura da Fox Deportes.


Sobre Roberto Dinamite e Eurico Miranda, e sonho de ver o time do coração ser Campeão Mundial

Reinaldo da Silva - Eurico ou Roberto, qual estilo mais lhe agrada?

Mauro Prais – Roberto

Reinaldo da Silva - O que você sugeria para o Roberto melhorar na sua gestão?

Mauro Prais - Acho que o Roberto está fazendo todo o possível, dentro das circunstâncias e das condições em que encontrou o clube. Tudo o que eu poderia sugerir seria fazer o impossível.

Reinaldo da Silva - Este modelo adotado pelo Vasco você acha que é um modelo para gerar
resultados a curto, médio ou longo prazo?

Mauro Prais - Acho que o modelo de gestao adotado tem gerado resultados de curto e medio prazo, mas está direcionado também para que outros resultados surjam a longo prazo, porque a ênfase é que os resultados possam ser sustentados depois de alcançados.
Por exemplo, na questão de voltar a ter um time de futebol competitivo, o resultado foi alcançado em menos de três anos, que eu considero médio prazo. Na questão da infraestrutura, como o CT, por exemplo, está sendo feito um trabalho de longo prazo.

Reinaldo da Silva - Tem fé de ver o Vasco novamente disputando um título mundial ou melhor dizendo, levantando a taça?
Mauro Prais - Acho que isso não seria menos possível para o Vasco do que seria para qualquer outro clube brasileiro.

Sobre Ricardo Gomes, São Januário, desempenho do Vasco no Campeonato Nacional 2011.

Reinaldo da Silva - Com este AVC do Ricardo Gomes você contrataria novo treinador até o fim do Brasileirão?
Mauro Prais - De maneira nenhuma. Alem de ser profundamente antiético e desumano, certamente seria um desastre.
Reinaldo da Silva – O que está mais te agradando e desagradando no Vasco neste brasileirão?
Mauro Prais - O que mais me agrada é ver que souberam manter a motivação para disputar o título, mesmo depois de garantir a vaga na Libertadores através da conquista da Copa do Brasil. Os jogadores vestem a camisa, a identificação com a torcida é muito grande. E a coesão do grupo é fantastica, coisa de grupo vencedor mesmo. E isso parece ter aumentado ainda mais depois do ocorrido com o Ricardo Gomes. Com esse espírito, acredito que o Vasco vai estar na luta pelo título até a última rodada, se não ganhar antecipadamente.
O que mais me desagrada sao as deficiências em duas posições específicas, a lateral esquerda e a de centroavante. Eu gostaria também de ver o Bernardo ser lançado mais cedo nas partidas, principalmente as mais difíceis.

Reinaldo da Silva - São Januário o que impede o Vasco de ampliar a capacidade e de ter condições de decidir em seu estádio?
Mauro Prais - Falta grana, simples assim.
Reinaldo da Silva - Você acha que o Vasco deveria ter um CT (centro de treinamento).
Mauro Prais - Um CT moderno, à altura das ambições do Vasco, é fundamental. Que eu saiba, está nos planos.

Sobre as diretrizes a ser tomadas na Copa Sulamericana e mais sobre a Copa do Brasil
Reinaldo da Silva - O que você acha o Vasco deve abrir mão da copa sulamericana pelo brasileirão ou não?

Mauro Prais - Abrir mão, de maneira nenhuma, pois a Copa Sulamericana tem sua importância. O que o Vasco deve fazer é exatamente o que já está fazendo: Dar prioridade ao Brasileirão, mas levar a Sulamericana muito a sério também. Acho que é possível fazer boa campanha nos dois e provavelmente conquistar pelo menos um deles.

Reinaldo da Silva - Porque demorou tanto para conseguirmos uma Copa do Brasil?

Mauro Prais - Acredito que não existe uma explicação genérica para isso. Cada competição teve a sua história e em cada uma delas houveram razões específicas para o insucesso. Por exemplo, em 2009 o Vasco foi roubado na semifinal contra o Corinthians quando o Gaciba decidiu não marcar um pênalti claro sobre o Élton.

Reinaldo da Silva - O que atrapalha o Vasco em fechar o anel atrás do gol em São Januário?

Mauro Prais - Muito simples: Falta de dinheiro para financiar um bom projeto e as obras necessárias.

Reinaldo da Silva - O treinador do Vasco está fazendo errado em não escalar em alguns jogos o reserva do Prass, lembro o caso de 1999 na libertadores o Lopes não escalar o Márcio e quando o Germano não pode ir o Márcio falhou em pelo menos 3 gols e o bi consecutivo da América foi pelo ralo, deveria ele manter o Prass a todo custo no gol ou dar chance e ritmo de jogo ao outro?
Mauro Prais - Me desculpe mas esse argumento e' bobagem. Goleiro é uma posição diferente das outras. Se fosse assim, o Denis hoje não teria fechado o gol do São Paulo e o Vasco teria vencido até com certa folga. O Denis não entrava numa partida oficial há mais de dois anos. Se o Márcio falhou na Libertadores, não foi por falta de ritmo de jogo, foi por suas limitações técnicas.

Sobre Luís Mendes
Reinaldo da Silva
Luís Mendes o da palavra fácil infelizmente deu adeus a este mundo, o que representa ele na história do futebol?
Mauro Prais - Bota infelizmente nisso. Ele foi um dos maiores de uma geração de ouro do rádio esportivo e também da televisão, onde ele foi um pioneiro. Ele tinha muitas qualidades importantes: Conhecimento profundo adquirido de primeira mão, na própria vivência do mundo do futebol, memória privilegiada, talento comunicativo ímpar, português gramaticalmente perfeito e articulação clara. Era um prazer sem igual ouvi-lo. Tive a felicidade de ve-lo ao vivo em debates e palestras duas vezes, sendo a última no ano passado, logo depois da Copa de 2010. Ele estava caminhando com dificuldade, usando bengala, mas a lucidez de pensamento, a memória fantástica e a voz de timbre límpido continuavam as mesmas.

Sobre o rádio

Reinaldo da Silva - O que significa o rádio para você?
Mauro Prais - Adoro rádio, ouvi rádio minha vida inteira, desde muito pequeno. Quando acordava, uma das primeiras coisas que fazia era ligar o rádio, e ia dormir com o rádio ligado. Ouvir transmissões de futebol pelo rádio é algo que sinto falta aqui nos EUA. Atualmente, quando tenho tempo, ouço certos programas esportivos e transmissões de jogos pela internet.

Reinaldo da Silva - Responda abaixo quem no rádio foi o melhor:
Narrador?
Mauro Prais - Jorge Cury. Apesar de torcer demais pelo Flamengo, sua técnica era perfeita, sempre em cima do lance e raramente errando nomes de jogadores, e tinha uma voz bonita e vibrante. Hoje em dia, o José Carlos Araújo e o Luiz Penido são os melhores. Mas eram muito bons, tambem, o Doalcey Camargo, Clóvis Filho e Orlando Baptista, para falar dos chefes de equipe, que transmitiam os jogos principais. Também gostava de vários outros que transmitiam os jogos menos importantes, como Antonio Porto, Celso Garcia, Ayrton Rebello, Paulo César Tenius, Vitorino Vieira, e tantos outros que deixaram saudades. Não tive a sorte de pegar os famosos Oduvaldo Cozzi, Raul Longras, Antonio Maria e Antonio Cordeiro, mas é emocionante ouvir gravações antigas deles.
Na TV, eu gostava do Avelino Dias, José Cunha e Carlos Lima.
Cheguei a pegar o Luiz Mendes como narrador de TV, e ele era muito bom, mas infelizmente ele não narrava mais no rádio. Depois parou de narrar na TV também e virou comentarista de radio. Ele era um ótimo apresentador de resenhas na TV, que aliás ele praticamente foi o criador.
Reinaldo da Silva - Repórter?
Mauro Prais - Denis Meneses. O Washington Rodrigues, na época em que foi repórter de campo, foi ótimo tambem. Depois ele virou comentarista.
Reinaldo da Silva - Comentarista?
Mauro Prais - Joao Saldanha. Sabia explicar com clareza o que se passava em campo taticamente, apesar de ter algumas cismas meio bobas. Eu gostava também do Carlos Marcondes.
Reinaldo da Silva - Emissora?
Mauro Prais - Na epoca em que eu morava no Brasil (Rio) tive a sorte de poder escolher entre emissoras excelentes: Nacional, Continental, Mauá, Globo e Tupi. Eram todas ótimas, numa epoca áurea do rádio esportivo carioca, que já vinha num crescendo desde o final da década de 1940 e permaneceu num alto nível até o início da decada de 1980. Eu ouvia a todas, procurando as que transmitiam os jogos do Vasco. Todas tinham programas esportivos diários muito bons, alguns em horários diferentes, mas se fossem no mesmo horário ficava difícil escolher, então eu ficava mudando de estação para ouvir um pouco de cada uma.
Reinaldo da Silva - Alguma vez no Maracanã tomaste alguma pilha ou rádio na cabeça, ou coisa semelhante?
Mauro Prais - Pilha ou rádio, não, mas tomei bolinhas de copo de papel amassado.
Reinaldo da Silva - Você preferia ir ao campo com ou sem rádio?
Mauro Prais - Tinha épocas em que eu levava rádio para o estádio, outras não. Eu não gostava de levar rádio em jogos mais cheios, porque quanto menos coisa na mão para atrapalhar, melhor. Teve uma época em que eu levava bandeira, e aí achava meio complicado levar rádio também.
Reinaldo da Silva - O que você acha que as emissoras deveriam fazer para que o rádio tivesse uma melhor audiência esportiva?
Mauro Prais - Eu nem sabia que as emissoras enfrentam problemas de baixa audiência esportiva. Não tenho conhecimento para responder a essa pergunta. Talvez a concorrência da TV e da Internet seja parte do problema.

Sobre o fim de temporada do Vasco e reforços para Libertadores e sobre uma possível “freguesia para o maior rival o Flamengo”

Reinaldo da Silva - O que faltou para nós ganharmos o Brasileirão 2011 e na sul-americana?
Mauro Prais - Na minha opinião, o Vasco nao ganhou o Brasileirão no confronto direto. Explico: No final do primeiro turno eu analisei a tabela e cheguei à conclusão que, no returno, o Vasco, para ter boas chances de ser campeão, precisaria ganhar quatro jogos-chaves, valendo seis pontos, e todos no Rio: Corinthians, São Paulo, Botafogo e Flamengo (esses eram os primeiros colocados no final do primeiro turno, além do Vasco). Mantendo o aproveitamento do primeiro turno, o Vasco chegaria a 71 pontos, e para ter mais chances de ser campeão com essa pontuação, teria que vencer esses quatro jogos de seis pontos, senão um desses quatro competidores diretos teria grandes chances de passar dos 71 pontos e ser o campeão. Infelizmente o Vasco empatou três e venceu apenas um. Como o Corinthians foi o único que não sofreu queda de rendimento no returno, teria bastado o Vasco vence-lo em São Januário e assim teria sido campeão. E o Vasco teve condições de vencer, mas duas bobeiras isoladas do Márcio Careca e Alecsandro resultaram em dois gols corinthianos. É importante frisar que a parcialidade das arbitragens contra o Vasco em várias partidas teve muita influência também, conforme demonstra o site Placar Real. Segundo a classificação desse site, o Vasco teria atingido 76 pontos se não fossem os erros de arbitragem. Sete pontos tungados numa competição nivelada é muita coisa.
Na Sul-Americana, o Vasco desperdiçou uma chance de ouro de decidir a semifinal no primeiro tempo do primeiro jogo, quando teve uma das suas melhores atuações no ano. Acho que nesse jogo ficou mais uma vez evidenciado que o poder de finalização do ataque deixa a desejar, o que é uma ironia do destino, pois o clube é presidido por um dos melhores finalizadores da história do futebol. Nas três fases anteriores, o Vasco se classificou porque fez o resultado em casa, e que isso fique de lição para a Libertadores.
Reinaldo da Silva - Quanto ao trabalho do Cristóvão nada a a questionar, ou você aprovaria o trabalho dele. Ele fez um bom trabalho?
Mauro Prais - O Cristóvão manteve o nível do trabalho do Ricardo Gomes e por isso ambos estão de parabéns. Acho que a dupla recebeu o prêmio de melhor técnico de 2011 com justiça. Nao estou dizendo que todas as decisões deles foram perfeitas, mas isso é natural, pois errar faz parte da vida.
Reinaldo da Silva - Você acha que em relação ao Flamengo, estamos vivendo um tempo como aqueles da década de 1980, em que eramos fregueses do Fluminense?
Mauro Prais - Nao acho. É só comparar os números. A unica semelhança é que eramos roubados contra o Fluminense naquela época e hoje somos roubados contra o Flamengo.
Reinaldo da Silva - Você acha que precisamos de um atacante "matador" ou você manteria os mesmos para a Libertadores?
Mauro Prais - Acho que essa é uma das posições carentes. Todos os grandes times da história do Vasco tiveram um centroavante top de linha, melhor do Brasil, artilheiro de campeonato. Essa é a tradição do Vasco. Para ser competitivo na Libertadores, o Vasco precisa de três reforços para serem titulares: Zagueiro pela esquerda, lateral esquerdo e atacante.

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Cariocas e Paulistas encerram empatados no último jogo do ano

Os torcedores dos clubes cariocas e paulistas fizeram neste dia 31/12/2011. o último jogo do ano de nossa cidade. Podemos ver pelas camisas que os cariocas jogaram de preto, e os paulistas de branco, e era a camisa que tivesse. Infelizmente não houve o carinho por esta partida que já virou tradição em nossa cidade. faltou mais empenho de algumas pessoas que poderiam ter feito alguma coisa.
Será que não era possível aos lideres de nossa cidade arranjar camisas ou pelo menos coletes para este jogo?

O jogo entre cariocas e Paulistas foi melhor que Vasco x Flamengo. Se deveu um pouco na técnica pelo menos houve maior esforço.

Os paulistas abriram o placar os cariocas viraram no final do primeiro tempo e no primeiro minuto do segundo tempo numa falha incrível de Lula Cabeção, coisas da bola pois ele quando estava jogando na linha ele salvou um gol dos cariocas após uma cabeçada vindo de escanteio. Mas o goleiro se recuperou da falha e os paulistas que empataram, as duas equipes poderiam ter mudado o placar mas os zagueiros e os goleiros não deixaram.








Foto do Brasil vice campeão do mundo 1950

Foto do elenco (titulares e reservas) Imagem: CBF